terça-feira, 14 de julho de 2009

Parar também é continuar.

"Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho 'presente' é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido"¹



A corrida cotidiana nos amassa, nos leva, nos rouba, nos cega quando queríamos ver, ganhar, parar. A era da globalização parece fria, mas ainda esquenta muitos os corações, ou melhor, esquenta muitas avenidas, ruas, estradas, voos, porque não dizer cafés-da-manhã, almoços, jantares e sonos? Porque hoje o trabalho por conseguir mais e melhor são impulsores para toda a correria da vida.
A gente tem a idéia utópica, como Marx, que a tecnologia pode ajudar o homem a trabalhar menos, a ser mais livre, a ter mais tempo, porém acontece justamente ao contrário, a tecnologia tem é nos engolido vivos, pior ainda, vivos quase mortos. Mortos de cansados, de solitários(mesmo quando rodeados de pessoas), de irritados ( com o trânsito, com o ar, com o chefe), enfim vivos, mas como mortos por dentro.
Eu mesma pensando sobre essa corrida, essa distância e essa pressão, lembrei que já passei por essa situação muitas vezes. Passava dias inteiros conversando por email com algumas amigas da faculdade, falando sobre nossas vidas no geral, então quando lembrei pensei: " Por que não nos falamos pessoalmente a noite?", poderíamos sim na hora do intervalo conversar sentadas, olhando nos olhos, tomando um suco, mas não! Preferimos a distância do email, para chegar a noite e apenas nos abraçarmos, entrarmos na aula e pronto, como se o abraço fosse nos aproximar de novo, nos tornar mais reais e menos virtuais.
Percebi hoje que a vida corrida nos afasta, nos sufoca, nos torna menos porque fazemos demais.
Então desejo pra mim e pra você mais humanidade, mais tempo pra si, mais olhar nos olhos, mais conversar pessoalmente, mais viagens a passeio, mais férias, mais 8 horas de sono, mais beijos demorados, mais fazer o que se gosta, mais tempo pros amigos e familia, mais do novo e menos do mesmo.



¹ Arnaldo Jabor. Amor é prosa sexo é poesia, Rio de Janeiro: Objetiva, 2004


obs.: o texto de ontem é de Rubem Alves, Os três reis.

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