segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dos três mal amados.


"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato.
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço.
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas.
O amor comeu metros e metros de gravatas.
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus.
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."¹


Quem é durão o suficiente pra dizer que não precisa, que não quer, que não se importa? O homem, acredito eu, é feito de amor mesmo, em cada detalhe, mesmo que não saiba o motivo, da onde vem a vontade, somos feitos de amor, para o amor. Não só para amar, mas para nos sentirmos amados. Quem disse que amar é uma grande loucura, esse sim acertou, mas que toda essa loucura seja a doce sanidade e verdade que todos nós precisamos, aquelas que nos fazem sorrir enquanto dormimos e sermos felizes por acordar.


Ame mais, até perder tudo o que tem, afinal muitas vezes é preciso se perder pra se encontrar.



¹Dos três mal amados, João Cabral de Melo Neto

2 comentários:

  1. Você pode completar o mundo ao seu redor com sua presença, mas não completa seu próprio mundo sem um amor.

    Sorte pra nós!

    Haha

    Adorei o blog ,
    Beijos!

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